segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Canal de vídeos no YouTube do filósofo Paulo Ghiraldelli Jr.

http://www.youtube.com/user/pgjr23?feature=chclk



Breve biografia de Ghiraldelli Jr. por ele mesmo

Lugares e formação.  Do lado paterno, sou de uma família italiana que, desde que se tem notícia na história, lida com construção civil – atuando como desenhistas, arquitetos, engenheiros e pedreiros. Angelo Ghirardelli e seu filho, Carlo Ghirardelli, foram construtores de teatros e torres em Ferrara, na Itália (árvore genealógica). Meu avô, Jacintho Ghirardelli, filho de Carlo, foi construtor da Igreja Matriz de Pederneiras, no interior de São Paulo.
O nome “Ghiraldelli” ou “Ghirardelli” (mesmo na Itália, a grafia pode mudar, não se trata de erro de cartório!) vem de uma latinização de nomes germânicos que, resumidamente, significa “o príncipe que ataca e se defende com a lança”, o “bom lutador com a lança”.
Eu nasci em São Paulo em 23 de agosto de 1957, no bairro da Liberdade – um nome significativo, no meu caso. Fui batizado na Igreja do Largo da Santa Ifigênia em 25 de janeiro de 1958. Mantenho ainda meu apartamento na velha Av. Cásper Líbero, no edifício Conceição, quase ao lado da Igreja da Santa Ifigênia.
Meu pai nasceu em Pederneiras e se formou professor na Universidade de S. Paulo (USP). Minha mãe, Lygia, nasceu em Ibitinga e se formou normalista. Graças aos meus pais ganhei o interesse pela educação e um certo tirocínio para questões educacionais. Talvez isso tenha ocorrido por vê-los trabalhar no colégio em que estudei, em Ibitinga, onde foram exímios funcionários públicos e educadores. Meu gosto pela filosofia veio do meu avô materno, Carlos Abib, que foi rábula (advogado sem diploma). Creio que devo ter tido, também, para decidir que dedicaria minha vida à filosofia, alguma influência da minha avó materna, meio judia e bastante mística. O nome dela era Maria Arruda, filha do “Coronel Arruda”, proprietário de terras entre São Carlos do Pinhal e Nova Europa, no interior de S. Paulo.
Mas será que tive algum interesse, mesmo, pela filosofia? Ou foi a filosofia, ela própria, que me pegou? Nunca imaginei minha vida distante da filosofia. Poderia ter sido outra coisa que não filósofo? Cartunista? Sim, talvez. Afinal, do lado dos meus avós paternos, descendentes de italianos, Jacintho Ghiraldelli e Rosa Paini, ganhei certo “dom” para o desenho.
Na época de colégio, descobrindo uma brecha na legislação que permitia a re-criação, “em nível de terceiro colegial”, de um curso semelhante ao que fora, antes da LDBN 5.692/71, o “curso clássico”, não perdi tempo: consegui o número de alunos suficientes para tal e, assim, consegui da escola a criação desse curso. Pude então começar  e estudar, com certa sistematização, filosofia e sociologia ainda no colégio, uma coisa rara na escola pública da época.
Tornei-me oficialmente filósofo da educação com o aval da academia no campo da filosofia da educação, e isso foi na PUC-SP, em que consegui mestrado e doutorado. Publiquei os trabalhos correspondentes aos títulos: Educação e movimento operário (São Paulo: Cortez, 1987) e Pedagogia e luta de classes (São Paulo: Humanidades, 1990). Na PUC-SP fui orientado pelo professor Dermeval Saviani, tendo também sido orientado na mesma instituição pela professora Maria Luiza Ribeiro. Tornei-me oficialmente filósofo pela USP, com mestrado e doutorado. Publiquei o mestrado tirado na USP: O corpo de Ulisses (São Paulo: Escuta, 1995). Não publiquei o doutorado, sobre Donald Davidson, Richard Rorty e Habermas. Na USP, fui orientado pela professora Olgária Matos. Por concurso público, tornei-me professor livre docente em 1994 e professor titular em 2001, ambos os títulos conseguidos na Unesp. Esses trabalhos foram publicados: Educação e razão histórica (São Paulo: Cortez, 1994) e Neopragmatismo, Escola de Frankfurt e marxismo (Rio de Janeiro: DPA, 2001).
Em termos de graduação, sou formado bacharel em Filosofia pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e em Educação Física pela Escola Superior de Educação Física de São Carlos, então incorporada à Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Também na UFSCar fiz uma boa parte dos cursos de Física e Pedagogia. Faltou muito pouco para terminá-los. No caso de Física, talvez uma ou no máximo duas matérias. Mas isso ocorreu em uma época de juventude, em que não consegui conciliar os horários de trabalho, como professor de matemática em cursinhos pré-vestibulares, e os horários de aulas na universidade.
Experiências no Brasil e no exterior. Como professor e pesquisador, passei por várias unidades da Unesp, pela PUC-SP, pela Universidade Federal de Uberlândia, pela Estadual de Cascavel no Paraná, pela Universidade Federal de Santa Maria, pela Universidade Estadual do Mato Grosso, pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), Santa Marcelina, São Marcos e outras. Lecionei em vários programas de pós-graduação e graduação nesses lugares, sempre na filosofia da educação e na filosofia e, algumas vezes, nas ciências sociais.
No final dos anos noventa deixei o país e fui ser pesquisador e professor na Nova Zelândia e nos Estados Unidos. No exterior, ampliei o círculo de amizades e de relações intelectuais que propiciaram criar um canal de publicações sobre o pragmatismo no Brasil, bem como levar a nossa filosofia e a nossa filosofia da educação para lugares onde praticamente desconheciam o Brasil. Estabeleci ali um vínculo com John Shook e Celal Turer, e mantemos ativo o “Pragmatism Archive” e, agora, junto com intelectuais de diversos países, a Associação Internacional de Pragmatismo.
Ainda no exterior, fui convidado pela Blackwell para escrever o verbete sobre pragmatismo e teoria crítica do Companion do Pragmatism. Além disso, mantive até pouco tempo o meu trabalho de editor da Contemporary Pragmatism (New York e Amsterdam).
Posturas filosóficas principais. Minha formação filosófica inicial se deu no âmbito do marxismo e, depois, na lida com determinadas posturas da Escola de Frankfurt. Lendo e  estudando filosofia analítica, aprofundei meus conhecimentos no pragmatismo e na cultura americana. Segui essa linha mais pelo que ela proporcionaria no sentido de ampliação do meu diálogo com outras correntes do que por fé doutrinária, o que, aliás, seria incompatível com o pragmatismo. Tenho trabalhado em filosofia e filosofia da educação sob inspiração de Richard Rorty (1931-2007) e Donald Davidson (1917-2003), filósofos que foram meus mestres inspiradores e amigos queridos. É claro que, como todo filósofo que se preza, mantenho um pé na filosofia antiga, sempre lendo Platão e querendo saber de Sócrates. Sou um admirador da obra de Gregory Vlastos. No campo da filosofia medieval, não posso não gostar de Santo Anselmo e, paradoxalmente, de William do Ockham.
Mantenho minha perspectiva de articulação entre a Escola de Frankfurt e o pragmatismo. Vejo que os filósofos que, enfim, deveriam ser aqueles que não poderiam ter preconceitos, os têm aos borbotões. Então, como os filósofos dessas duas escolas não se conversam (exceto Habermas, é claro), eu tento escrever relacionando-os, pois é uma forma de ser livre, de não estar preso a dogmas e caixinhas mentais, como muitos estão. Um livro que fiz com Rorty, tentando criar este tipo de ponte, é o Ensaios pragmatistas (Rio de Janeiro: DPA, 2006).
Trabalhos atuais. Terminei em 2007 meu pós-doc na UERJ, no grupo Programa de Estudos da Ação e do Sujeito (PEPAS), na Medicina Social do filósofo e psicanalista Jurandir Freire Costa. Mais recentemente, dediquei algum tempo aos jornais, Folha e Estadão, e também a determinadas revistas de divulgação em filosofia e educação. Esse meu “pós-doc” rendeu o livro O corpo – filosofia e educação, pela Ática, que completa o meu O Corpo de Ulisses, de 1995. Tenho continuado meus trabalhos em filosofia e filosofia da educação. Publiquei em três anos três livros próximos: Caminhos da filosofia (DPA, 2005), História da educação brasileira (Cortez, 2005) e Filosofia da educação (2006). Meus últimos trabalhos, além de O corpo, são O que é pragmatismo e O que é pedagogia, pela Brasiliense, este último é um livro totalmente novo, e já não tem mais a ver com as duas versões publicadas nos anos oitenta e noventa. Mais novos, ainda, há O que é filosofia contemporânea, da  coleção Primeiros Passos da Editora Brasiliense, e História da filosofia, da  Editora Contexto. Além disso, tenho dado seqüência a um trabalho de artigos e vídeos na publicação da Editora Digeratti, Filosofia Dia-a-Dia. Também publiquei recentemente A aventura da Filosofia e o O que é Dialética do Iluminismo?, ambos pela Editora Manole. Meu primeiro livro não acadêmico saiu em 2010: Filosofia, amores & cia, também pela Manole.
No Centro de Estudos em Filosofia Americana (CEFA) tenho trabalhado principalmente com a produção de vídeos de filosofia, que agora estão ou no www.youtube.com/tvfilosofia e http://dailymotion.com/pgjr23 Também tenho trabalhado com cursos online gratuitos, junto com o CEFA. Outro projeto que desenvolvo é o da TV Filosofia, uma TV online que já está funcionando 24 horas por dia no Portal Brasileiro da Filosofia. Pode ser visto na parte de TV do www.filosofia.pro.br ou direto no canal da TV Filosofia: www.mogulus.com/filosofia. Junto com minha esposa, Francielle Maria Chies, tenho desenvolvido o programa Hora da Coruja, especial para TV WEB.
Atualmente trabalho como filósofo, escritor, editor e parecerista em editoras nacionais e internacionais e consultor de entidades públicas e privadas, inclusive fui consultor da Organização dos Estados Ibero Americanos para a crítica de determinados planos do Ministério da Educação (MEC). Às vezes, também me dedico à atividade de tradutor. Fui o criador do GT-Pragmatismo da ANPOF e fui coordenador do GT Filosofia da Educação da ANPEd. Participo da coordenação do primeiro, agora encabeçado pela minha amiga, a filósofa Susana de Castro. No GT-Pragmatismo,  Susana e eu estamos na editoração da revista Redescrições. No cotidiano, dirijo o Centro de Estudos em Filosofia Americana , uma entidade autônoma de pesquisa. Desde o início de 2010 voltei ao ensino universitário, como professor da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ).
Paulo Ghiraldelli Jr
1. Mais sobre o filósofo: Entrevista para Antonio Ballesta, do Realismo Liberal.
2. Alguns leitores colocaram algo sobre o filósofo na Wikipédia.
3. Sobre a concepção de filosofia de Paulo Ghiraldelli, vale a pena consultar essa entrevista na TV
4. Sobre o livro lvro O que e´filosofia contemporânea, vale consultar entrevista no jornal Correio Braziliense.
5. Sobre livros novos como A Aventura da Filosofia e O que é Dialética do Iluminismo? há entrevistas na Folha de S. Paulo. Veja: Entrevista 1 e Entrevista 2.

GIMP: o concorrente gratuito do Photoshop.

"Apesar de sua popularidade e recursos avançados, o Adobe Photoshop CS5 Extended possui uma característica que limita o seu uso por um número maior de pessoas, seu preço, a partir de US$699. Como opção para editar fotos e outros tipos de imagens existe o GIMP, programa de código aberto que, apesar de não ter como objetivo ser um clone do programa da Adobe, substitui bem a maioria de seus usos."
Link para baixar o programa no Superdownloads: http://www.superdownloads.com.br/download/131/gimp/

Site oficial do GIMP: http://www.gimp.org/


Editor de imagens vetoriais: Inkscape. Versátil e gratuito.

"O que acha de criar imagens vetoriais em um software profissional, completo e totalmente grátis? Então não deixe de aproveitar o que o Inkscape tem a lhe oferecer.
Assim como seus concorrentes da Adobe e Corel, é recheado de ferramentas avançadas para a edição e desenvolvimento de desenhos vetoriais profissionais. Sua interface mantém o estilo dos softwares do gênero, porém com atalhos mais práticos para algumas funções."




Site oficial do Inkscape: http://inkscape.org/

O reprodutor de mídias completo: VLC. E gratuito.

"VLC Media Player é um tocador multimídia de código aberto e poderoso, que lê diversos formatos de áudio e vídeo (MPEG4, MPEG2, MPEG1, DivX, MP3, OGG, etc.), assim como DVDs, VCDs e vários protocolos de transmissão (streaming). Também tem a opção de ser usado como servidor para vídeos."


Baixar o VLC no site de downloads Baixaki: http://www.baixaki.com.br/download/vlc-media-player.htm

Site oficial do VLC: http://www.videolan.org/vlc/

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Trailer do filme Tron: Legacy



Mais informações sobre a produção da Disney: http://pt.wikipedia.org/wiki/Tron:_Legacy

Lula, ditador?

" Lula, o bom ditador

Lúcio Flávio Pinto

Lula merece fazer Dilma Roussef sua sucessora. O brasileiro está satisfeito com o seu governo. Mas o resultado que se anunciará será bom para o país? É o Brasil verdadeiro que sairá ganhando desta eleição? Ou o futuro é ameaçador?

Da presunção à convicção do absoluto: é este o passo da democracia ao fascismo. É o passo em que o Brasil está. A direção foi dada por Luiz Inácio Lula da Silva. Como todos sabem, Lula pouco ou quase nada lê. Seu aprendizado sempre foi na prática, empírico e pragmático. Mas foi um aprendizado profundo. Sobreviveu à condição de imigrante nordestino em São Paulo, ao peleguismo sindical, à corrupção política, à tutela intelectual, aos adversários e aos inimigos

Inteligente, perspicaz, audacioso e pertinaz, aprendeu o máximo que sua tão vasta experiência lhe possibilitou. É o mais preparado dos políticos brasileiros de todos os tempos, o único que fez a escola da vida para a carreira política. Durante duas décadas não teve mandato (renunciou ao que conquistou, de deputado federal; na sua versão, por não conseguir conviver com os 300 picaretas do parlamento; na verdade, por não conseguir dividir o poder), não precisou garantir a própria sobrevivência e da família, foi tendo cada vez mais tudo “do bom e do melhor”. Circulou pelo Brasil inteiro e pelo mundo.

Pôde se dedicar integralmente a cinco campanhas eleitorais para presidente da república. Perdeu três (sua sorte é tão imensa que perdeu as três primeiras: não saberia o que fazer então com os mandatos em disputa) e ganhou duas, ambas na hora certa. Nenhum político brasileiro tem cartel semelhante – nem provavelmente terá. A estrela de Lula é de primeira grandeza. Combinada com seus instintos, sua inteligência e sua identificação com o povo, resultou numa biografia realmente notável.

Contradição ambulante, conforme a auto-definição, é um ser que se modifica e se adapta ao ambiente quando o cenário ainda está em mutação, graças à sua incrível capacidade de antever o momento imediatamente seguinte ao vigente, Lula é aquilo que, abusando do jargão, se passou a chamar de “força da natureza”. É uma esplêndida culminação de instintos vitais. Mas sem a menor condição de autoconhecimento, de reflexão e de análise. Uma vocação inocente de ditador, com a melhor das aparências, sem consciência de culpa.

A expressão “nunca antes” é contumaz no seu discurso porque ele só consegue reconstituir os fatos dos quais participou, a história que vivenciou – e sempre através da sua ótica, impermeável à interferência externa, sobretudo à crítica. Tudo mais que exigir esforço cognitivo, pesquisa documental ou checagem factual escapa aos seus domínios. Ele se considera marco demarcatório da história do Brasil porque tem a si como eixo de tudo, o que não é de espantar nem pode legitimar críticas: é só isso o que Luiz Inácio Lula da Silva vê.

A dificuldade para criticá-lo com honestidade, sem preconceitos, está na circunstância de que nunca mesmo nenhum político foi tão popular quanto ele – nem tão poderoso. A oposição foi varrida do mundo real no Brasil. Não agora, de súbito, embora só agora tenha chegado ao fundo do poço, numa extinção melancólica e vil. Ela começou a desaparecer quando se deixou alcançar pela osmose. Todos viraram Lulas, imitações dele, suas sombras, suas marionetes.

O Brasil sofre os efeitos de um antiintelectualismo sem igual, sutil e corrosivo, imperceptível e devastador. Se o símbolo dos instintos vitais deu certo como nunca antes, por que pensar? Por que contestar? Por que contrapor? Por que, até mesmo, dialogar? É aderir e copiar.

Ali estava a fórmula do sucesso, simples e ao alcance de todos, já que permitiu ao apedeuta se tornar ídolo internacional, subir além do alcance de estadistas de várias partes do mundo, que lhe estenderam enormes tapetes vermelhos, fazer e acontecer – e, ao fim e ao cabo, como gostam de dizer os portugueses, símbolos do que é básico e elementar, tudo resultar em mais dividendos para o mago das circunstâncias.

O povo está feliz e votaria de novo em Lula se a constituição admitisse três eleições seguidas para presidente da república. Se Dilma passou dos 50%, tendo começado quase no nada (o “nonada” de Guimarães Rosa), Lula passaria dos 80%. Colocaria no chinelo o Jânio Quadros de exatamente meio século atrás, na eleição dos 5.6 milhões de votos de 1960 contra 3,8 milhões do marechal Lott.

O “poste eleitoral” de 2009 se tornou sucesso retumbante em 2010. Mas não só por causa do carisma e da popularidade de Lula. Também pelo uso mais abusivo da máquina pública de que se tem notícia em 80 anos de eleição no Brasil, a partir da revolução de 1930. Lula transformou as leis em potocas, ampliando para a cena nacional a chacota paroquial do caudilho paraense Magalhães Barata. Zombou das normas e dos seus aplicadores. Pisou sobre os papéis sagrados que rasgou. Fez de si um absoluto. O passado evaporou, como se fora antediluviano. Dele, todos perderam a memória, num Alzheimer coletivo, com dezenas de milhões de enfermos.

Não, Lula não é o pai da pátria (logo, Dilma não lhe pode ser a mãe putativa). Antes dele, centenas de cidadãos conceberam, colocaram em prática e administraram um plano de combate à inflação (e, a rigor, de criação da nova moeda brasileira, feita para durar) do qual só se tem algo comparável naquele que Hjalmar Schacht pôs em prática na Alemanha depois da Primeira Guerra Mundial e faria o país renascer (infelizmente, para resultar em Adolf Hitler). Uma façanha que honra a cultura brasileira no mundo.

Ninguém que tenha nascido depois do Plano Real pode ter idéia do que era a deterioração dos valores econômicos no Brasil, a crueldade da anarquia inflacionária, sobretudo para os que vivem da renda (ou da venda da força) do seu trabalho. Acostumados a uma moeda forte (embora cambialmente enviesada), são levados a crer (ou mesmo partem da premissa) que sempre foi assim, que a estabilidade atual não deve ser creditada a ninguém nem é penhor de alguém. No entanto, ela tem uma origem datada e nomes que a personificam. Foi o grande legado de Fernando Henrique Cardoso.

Lula e o PT, que equiparavam o Plano Real ao Plano Collor e ao Cruzado de Sarney como manobras oportunistas e eleitoreiras, que não foram capazes de ver com isenção a criatura e segui-la com acuidade, hoje se beneficiam dessa grande aventura intelectual, que mobilizou talentos de várias pessoas excepcionais e o discernimento do seu comandante, quando ministro da fazenda de Itamar Franco e, depois, como presidente. Se tivesse chegado ao poder em 1989 ou em 1994, Lula e o PT não conseguiriam dar ao Brasil a moeda que hoje ele tem e a estabilidade de que usufrui.

É claro que os tucanos do príncipe dos sociólogos acumularam a partir daí desastres e vilanias, das privatizações (umas que não deviam ter sido feitas, outras que jamais podiam ser feitas pelos valores praticados) à imoralidade da reeleição, passando por uma visão elitista e predadora da administração pública, e uma incapacidade congênita de porosidade social. Os tucanos criaram as políticas compensatórias, mas não as abriram aos deserdados. Apenas as toleraram porque a primeira dama, a maior de todas, Ruth Cardoso, as patrocinou.

O grande lance de Lula foi exatamente dar densidade às criações sociais que os tucanos lançaram como decoração, como aplique nas suas fantasias empavonadas. Cinquenta milhões de brasileiros são clientes desse benefício, que, como o próprio nome diz, é compensatório, remediador, paliativo. Não projeta essas pessoas, não lhes dá condições para o futuro, não as tornam espinhas dorsais do progresso brasileiro. A lamentável situação da educação, da saúde e da segurança é uma advertência de que não se trata, ao contrário do que diz o catecismo, de desenvolvimento sustentável.

Os brasileiros estão felizes, compram como nunca, constroem como nunca, andam sobre quatro (ou duas) rodas como nunca, têm imóveis como nunca. Papai Lula abriu-lhes o cofre, mas abriu-lhes uma estreita passagem apenas de um lado do erário. Do outro lado, há larga avenida para banqueiros e empresários, para investidores da bolsa, para tomadores dos papéis oficiais, que lucram – como nunca, nem sob FHC, seu par – em bilhões e bilhões de reais, para companheiros e aderentes, para a “nova classe” trabalhadora, reprodução da “velha classe” elitista e não sua contrafação, como devia – e se dizia – ser.

Tudo isso não à base de poupança real, dinheiro ou ativos em geral acumulados para permitir investimentos, mas de crédito, de endividamento, como – de fato – nunca antes. Um terço do PIB é crédito, aos juros mais altos da face da terra, tão altos que podem ser reduzidos sem perder sua excepcionalidade. Há muito mais atividade econômica e enriquecimento, que permitem o reinvestimento. Mas em grande parte esse dinheiro consolida o modelo exportador de bens primários, dentre os quais recursos não renováveis, que se vão de vez, ao invés de servir ao enriquecimento interno, à consolidação da nação.

Sem o enorme incremento da exportação o Brasil não teria suportado tão bem a crise financeira internacional de 2008, condição que faltou durante as duas grandes crises externas ocorridas na gestão FHC. O problema (seriíssimo) é que dependemos de uns poucos produtos primários (minério de ferro, soja, carne) e de uma quantidade ainda menor de parceiros, com destaque inquietante para a China, da qual nos tornamos quase um apêndice.

O Brasil imediatista e superficial de hoje é o reflexo coerente do líder que o comanda e ao qual o país dá sua aprovação, nesse coro do consentimento incluídos os oportunistas da oposição. Eles traíram a função histórica que lhes cabe, de remar contra a corrente, de não se deixar seduzir pela aprovação fácil, pela fórmula do sucesso fornecida pelos marqueteiros, os bruxos da nossa época.

Em plena campanha eleitoral, vemos o Grande Irmão censurando os críticos, tirando a tomada dos insubmissos, armando golpes que, descobertos, se tornam infantilidades inimputáveis porque a oposição também perdeu a noção de tempo e espaço, o senso do distinto e do diverso, lançando-se desavergonhadamente para debaixo do guarda-chuva do Big Brother.

Pela primeira vez, não há contracanto eleitoral. Cresce de volume um uníssono que violenta a inteligência nacional, a capacidade que um país tem de reconhecer a si, de ver a realidade, ao invés de ser conduzido pela manipulação política e publicitária. Este Brasil unidimensional e unilinear é uma aberração, uma ficção, um factóide. Mas como as lideranças renunciaram ao seu papel profético ou se tornaram tão medíocres que perderam qualquer conteúdo, cristalizou-se o dominó de Fernando Pessoa: “quando quis tirar a máscara,/ estava pregada na cara”.

Homem de São Paulo (apesar das origens geográficas nordestinas), como FHC (só circunstancialmente carioca), Lula é o outro lado da mesma moeda. Não é igual, mas é o mesmo. Enquanto influencia e faz amigos, com sua verve e graça, os de sempre mandam na economia, seguindo esquema em vigor há duas décadas. Enquanto São Paulo é a cidade com mais helicópteros em trânsito por seu espaço aéreo, as favelas do Rio de Janeiro são teatro de operações bélicas da bandidagem, com e sem uniforme. O Brasil afluente convive com o Brasil doente.

Lula merece ganhar esta eleição. Mas não ganhar como parece que vai ganhar de fato, tornando secundário ou irrelevante quem ganhará de direito. Mesmo porque, no íntimo, só com seus botões, qualquer ser pensante hesitará ao tentar responder a um mistério criado e prolongado pelos marqueteiros e seus esteticistas, cirurgiões e feiticeiros outros: que Dilma é essa?

Num passado longínquo, um quadro da ditadura militar perguntou a nós todos: mas que país é este? Foi uma época de milagre, como agora, até maior (dois dígitos de crescimento anual do PIB), bem parecido com o de JK antes (portanto, o “nunca” não se aplica a esse passado). A pergunta tem que ser refeita, hoje. Mas talvez já não se consiga uma resposta. O absoluto é uma abstração, embora malsã. Sua maior malignidade está em se infiltrar sem ser percebido. E, mesmo sendo impossível, passar a ser aceito como normal. Como agora."

Reutilização de computadores antigos

" Nós, usuários de computador, poucas vezes nos damos conta de um problema que criamos: como jogar fora um computador? Esse é um baita problema. Estimativas indicam que o número de computadores em uso no mundo todo esteja em torno de um bilhão. O ciclo de vida médio de um computador pessoal é de dois a cinco anos. Em breve teremos uma nova e numerosa leva de computadores sendo jogados fora, e esse número só tende a aumentar. Como se o problema não fosse grande o suficiente, já temos centenas de milhões de computadores inutilizados, em porões e garagens, esperando para irem para o lixo.

De acordo com a EPA, a agência de proteção ambiental dos Estados Unidos, a maioria dos computadores e dispositivos eletrônicos do país não são descartados corretamente. 85% vai parar em aterros ou é incinerado. Uma boa parte é exportada para a China, onde é "reciclada" sem preocupação com o meio ambiente ou com a segurança do trabalho.

Um problema dessa magnitude só pode ser resolvido por meio de um conjunto de soluções coerentes. Este artigo discute uma parte do problema. Se mantivermos os computadores trabalhando por todo o seu ciclo de vida natural, em vez daqueles promovidos por alguns fabricantes, podemos reduzir a taxa de descarte deles.

A melhor utilização dos computadores também economiza recursos naturais. A fabricação de um único computador novo exige:
  •   Meia tonelada de combustíveis fósseis
  •   Uma tonelada e meia de água
  •   20 quilos de produtos químicos

É por isso que seu laptop é o equipamento eletrônico mais caro por polegada cúbica da sua casa."
 

O significado de "ecletismo"

Ecletismo ou Ecleticismo é um método científico ou filosófico que busca a conciliação de teorias distintas. Na política e nas artes, ecletismo pode ser simplesmente a liberdade de escolha sobre aquilo que se julga melhor, sem se a apegação a uma determinada marca, estilo ou preconceito.

Pode ser considerado também uma reunião de elementos doutrinários de origens diversas que não chegam a se articular em uma unidade sistemática consistente.

Abordagem filosófica que consiste na apropriação das melhores teses ou elementos dos diversos sistemas quando são conciliáveis, em vez de edificar um sistema novo.

Significado particular: Escola de Victor Cousin (1792-1867): o objectivo desta filosofia é, segundo o seu autor, "discernir entre o verdadeiro e o falso nas diversas doutrinas e, após um processo de depuração e separação através da análise e da dialéctica, reuni-las num todo legítimo, com vista à obtenção de uma doutrina melhor e mais vasta."